quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Série Em rede ...






Gravura retirada daqui -A blogosfera
Junho 25, 2007 - — djamb @ 4:36 pm
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Tenho tido a oportunidade de conversar sobre isto com pessoas que não faziam parte deste mundinho pequenino escondido em cada click, de forma a lhes dizer como a blogosfera é fascinante. Aliás, tenho-me deparado com alguns blogs que falam neste tema, sendo que concordo mais com uns do que com outros. Como em tudo, também aqui estamos a falar de perspectiva.

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Sempre gostei de escrever, tenho dezenas de cadernos de rabiscos que partilhei com poucas pessoas. Há cerca de 2 anos, criei um blog onde escrevia sobre os meus dias e os meus amigos mas, porque nada é estático, acabei por o apagar em Dezembro do ano passado para criar este no wordpress, onde decidi tomar um novo rumo. Agora falo de coisas… faço rabiscos.

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Leio cerca de 20 blogs por dia, às vezes mais, outras vezes menos. São os blogs das pessoas no meu círculo da blogosfera com quem já me habituei a conversar através de posts e de comments. Conheço as pessoas pelas alcunhas e sei de que temas gostam de falar; sei como escrevem. Todos os dias, sei que tenho um post novo para ler em cada blog. E sei que há quem espere o mesmo de mim. Aqui, temos a certeza de que alguém nos ouve e que tem algo a dizer. Penso que é isso que me move tanto; acho que foi isso que me viciou na blogosfera.

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Por outro lado, há as pessoas que conheço pessoalmente. Cada pessoa, com a sua forma de ver o mundo e de o descrever, acaba por se revelar um pouco em cada post que publica. Contudo, na minha opinião esta não é, de todo, uma forma de aproximação pessoal. Em mim, não gera qualquer tipo de relacionamento ou intimidade. Porquê? Porque este é um mundinho à parte; um mundo de letras e ideias que está escondido. No dia-a-dia, a blogosfera é apenas um conceito. É como se fosse um refúgio ou um esconderijo que partilhamos às escondidas, que mais ninguém vê. Se é um falso relacionamento? Talvez. Mas lá que é viciante… é!

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Hoje toda a gente se trata por tu, já deves ter reparado, é uma forma despachada e falsamente confidencial. (…) E além disso marca aquela distância necessária para exprimirmos mutuamente que apesar de nos conhecermos bem, intimamente, até, e de sabermos os nossos respectivos segredos, continuamos a fazer de conta que não, que não sabemos certas coisas, e fazemo-lo para que o outro se sinta mais à-vontade, como quando alguém te confessou uma coisa importante que não diria a ninguém, mas era como se estivesses distraído, claro que não é bem assim, ouviste-o com muita aten­ção, mas… lá está, é como se já não estivesses a pensar nisso, guardaste aquilo num compartimento secreto do teu coração e fechaste-o à chave…
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António Tabucchi, in ‘Tristano Morre’

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