terça-feira, 10 de junho de 2008

10 de Junho - O Dia da RAÇA e o que mais se lerá



Helena Vieira da Silva

.

Évora - manifestação dos trabalhadores agrícolas (Largo junto à Porta de Avis ?)

.

Évora - manifestação dos trabalhadores agrícolas

.

Fotos de Victor Nogueira




[expo_abelmanta_grande.jpg]

João Abel Manta

.
Lisboa - Mural (apagado) na Rua António Maria Cardoso (sede da PIDE/DGS)
.
Foto de Victor Nogueira
.

Abril em Maio após Novembro (1)

.
.
O Sonho ...
.
**********


.
.

As eleições na Primavera Marcelista - 1969 - a «evolução na continuidade»

.

Victor Nogueira

Esta última carta foi colectiamente subscrita por mim e mais dois ou três colegas meus e remetida tal como a anterior aos jornais da oposição
.
clicar nas imagens para ler


Na «Primavera» Marcelista de Marcello, este, num gesto «largo e generoso», mal-citando eu Pessoa (1), permitiu o regresso de dois exildos políticos, Mário Soares e D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto. Para alguém mínimamente (in)formado tratava-se duma operação de cosmética, pois os exilados no Tarrafal, em S.Nicolau, em Caxias ou em Peniche continuaram no exílio com «seguras» medidas de protecção.

.

(…)

.

Continua em As eleições na Primavera Marcelista - 1969 - a «evolução na continuidade» - Victor Nogueira

.

**********


O Dia da RAÇA e o que mais se lerá
.

* Victor Nogueira
.
(...)
.
Dentro de momentos a Praça do Giraldo será cenário duma manifestação [do 10 de Junho] que pretendem grandiosa e durante a qual se enaltecerá essa gloriosa e alegremente sacrificada juventude portuguesa que em terras de África defende a herança dos seus avoengos, numa guerra santa sobre cujos fundamentos se não admitem dúvidas. Entretanto a Universidade de Coimbra está em greve desde há largas semanas, greve de que os jornais não falam, a não ser publicando os diversos e por vezes incoerentes e inverosímeis comunicados das autoridades académicas. A música continua a ser monoral. (...) Está uma manhã cheia de sol, contrastando com o pluvioso e cinzento dia de ontem. Pela janela aberta chegam‑me aos ouvidos o chilrear dos pássaros e os discursos transmitidos pelos autofalantes, na cerimónia que se realiza a dois passos daqui, entrecortados por salvas de palmas. (NSF - 1969.06.10)
.
(...)
.
Isto por cá não anda muito bom. As greves sucedem‑se diariamente - só por portas travessas se sabe - e as deserções do exército, nomeadamente dos oficiais milicianos, continuam a verificar‑se. Entretanto o problema do Ultramar continua a ser explorado emocionalmente, com completo desrespeito pelos interesses do povo português. A emigração aumenta. A nau mete água por muitos rombos. (NSF - 1970.07.18)
.
(...)
.
(...)
.
No Giraldo Square erguem-se bancadas e toldos, que vedavam ao trânsito automóvel a rua da Selaria (ou 5 de Outubro). O Giraldo é uma "bancadaria" para [comemorações d]o 10 de Junho, que este ano deve ser comemorado em grande, para compensar os desastres que se vão averbando na Guiné e no Norte de Moçambique. (...) Domingo próximo, em Portugal de lés‑a‑lés, viver‑se‑ão jornadas de fervor patriótico! (MCG - 1973.06.07)
.
(...)
.

Ontem à noite (1973.10.24), no regresso de Arraiolos, muitos Mercedes a caminho de Évora, onde às 21:30 alentejanos cinzentos de ar sisudo aguardavam ordeiramente o início da sessão de propaganda da ANP [Acção Nacional Popular]. Debaixo dos arcos [arcadas], uma fila de homens, com ar humilde e jeito de rebanho descido da camioneta, dirigia‑se para o cinema onde se realizaria a tal sessão. A Oposição não comparecerá as eleições no domingo. O Marcelo [Caetano] bater‑se‑à contra nada. (MCG - 1973.10.25).
.
(...)
.
Levanto os olhos e vejo muitos magalas, na sua farda verde oliva. Andam também pelas ruas, aos grupos, espalhafatosos, como quem já tem o seu grão na asa. "Cheira‑me" que haverá dentro em breve mais um contingente para a guerra em África. Alguns escrevem, curvados sobre o papel, a caneta firme na mão, como quem não está habituado a frequentes escrituras. Parecem rapazes muito novinhos; uns conversam, irrequietamente, outros têm um ar absorto, ausente.
(MCG - 1973.11.26)
.
(...)
.
Hoje foi o Dia da Polícia e está explicado porquê toda a semana têm desfilado pelas ruas da cidade: preparação do grande acontecimento, em que estrearam os capacetes cinzentos com viseira protectora, espingarda de baioneta calada ao ombro, deixando, na esquadra, o escudo protector das pedradas dos manifestantes. 50 000 mil contos teria sido a quantia gasta nos últimos tempos pelo Governo para equipar a polícia. Ah! Ah! Os tempos vão desassossegados! (1974.03.12)
.
(...)
.
Dizia a BBC ontem que prosseguia o chamado "julgamento" das 3 Marias (Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa) autoras dum livro chamado "Novas Cartas Portuguesas" sobre problemas da mulher portuguesa, que a acusação pública considera pornográfico e ofensivo da moral e dos bons costumes. Mas uma das testemunhas de defesa, Maria Emília... , afirmou que ofensivo da moral e dos bons costumes era o facto duma mulher não poder andar na rua e transportes públicos em Lisboa (e em Évora ?) sem ouvir piropos indecorosos e ser apalpada. Referiu também as vantagens que os homens da classe alta tiram impunemente da sua posição sobre as jovens das classes inferiores. (MCG - 1974.03.21)
.

.
ler o resto em O Dia da RAÇA e o que mais se lerá
.
.
**********
.
.

Um 1º de Maio no tempo do fascismo

O 1º de Maio é um dia dos trabalhadores comemorado em muito países desde 1889, por vezes em festa mas quase sempre em luta por melhores condições de vida e de trabalho. O mesmo sucedeu em Portugal na longa noite fascista, apesar de repressão e da negação de direitos elementares, como os de associação, manifestação e reunião.

Ao folhear jornais desse tempo encontramos o 1º de Maio de 1962 segundo o Diário de Notícias de 3 de Maio, de que transcrevemos partes essenciais, mantendo os subtítulos originais: (...)

.

continua em Um 1º de Maio no tempo do fascismo - Victor Nogueira

.

**********

.

Arraiolos - Inquéritos às Condições de Vida e de Trabalho (1973)

.

Arraiolos

.

Os inquéritos vão correndo. Não acredito no trabalho que estou fazendo - uma maneira do Ministério das Corporações e Previdência Social despender umas massas dos contribuintes sem que para eles advenham benefícios. Com uma semana de inquéritos sou capaz de fazer um relatório sobre a situação dos trabalhadores do concelho de Arraiolos, que não diferiria muito dos resultados que se virão a apurar com o tratamento estatístico das informações obtidas. Qualitativamente melhor. A maioria das respostas parecem tiradas a papel químico.
.
(...)
.
continua em
O Alentejo Rural - antes e depois de Abril - Victor Nogueira
.
.
**********
.
.

Evolução de Évora – a situação em 1975


A Rádio Renascença transmite "Os Vampiros", do Zeca Afonso! Rei morto, Rei posto! A Junta de Salvação Nacional, como a si própria se intitula, abre a tarracha e já hoje tornou público o seu programa, cujo ponto limite é a realização de eleições gerais para a Assembleia Constituinte e Presidente da República no prazo de 12 meses.

.

No café Estrela, velhos falam dizendo que os jovens de agora são melhores que no seu tempo: "A gente também não concordava com o Salazar mas nunca tivemos coragem de fazermos o que eles fizeram.". Nas imagens que a RTP transmite a nota dominante entre os manifestantes e os mirones era a juventude. Outro velho diz que nunca foi marcelista. (MCG - 1974.04.26)

(...)

continua em OS DIAS DA REVOLUÇÃO (notas soltas) - Victor Nogueira

.

.

**********


.
Bónus
.
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades em Setúbal
.

O que sucedeu a 28 de Maio 28 de mayo 28 mai May 28 28 maggio


.
.

**********



.
.
Quanto à correspondência violada [pela PIDE], por razões que desconheço, só seguiam recortes de jornais relatando o que se tem passado na Assembleia Nacional.(...) Daqui para o futuro acompanharão os recortes uma lista detalhada dos mesmos e irão lacrados. Farto de malandros ando eu. (NSF - 1971.06.30)
.
.

sábado, 7 de junho de 2008

A Poesia e a Feira das Vaidades (trabalhos de Sífiso)



.

,


.
* Kant_O_Photomático
.
* Porque estou na BLOGOSFERA
.
* Seja Bem-Vindo Quem Vier por Bem
.
* Veramente Vero
.


Castigo de Sífiso

.
Escrever não é atividade fácil, embora pareça. Há tempos, um amigo, após visitar uma jornalista, me disse que ela (jornalista) não devia saber escrever, tantos os manuais sobre a arte de escrever espalhados em sua mesa e estante. Quem - profissional de imprensa – precisava de tantos manuais, dizia o amigo, com certeza ainda não sabe escrever.As coisas não são assim, apressei-me a esclarecer. O escritor que achar que sabe tudo, já está deixando de saber de muita coisa. É que quanto mais se escreve, quanto mais se ilustra, quanto mais se tem conhecimento, mais se amplia o nosso desconhecimento.

.

O Rei de Corinto, Sísifo, segundo a lenda grega, tendo escapado do inferno, como castigo pela fuga foi condenado a empurrar uma pedra até o alto da montanha. Quando terminava o trabalho, a pedra despencava morro abaixo e Sísifo era obrigado a recomeçar. O “castigo de Sísifo” de quem escreve é estar sempre lendo manuais e livros e revistas em geral, para se atualizar e para se fazer entender por seus leitores. Nunca se atualiza completamente e nem sempre se faz entender pelos leitores. Não se fazer entender pelos leitores é o pior que pode acontecer a quem escreve.

.

É castigo de Sísifo, redobrado.Em ótimo livro (“A Arte de Argumentar”, Ateliê Editorial, 136 páginas, R$ 29,00) o autor, Antônio Suárez Abreu, professor da UNESP, traz este texto:

.

“Durante a campanha para a prefeitura de São Paulo, em 1985, Jânio Quadros contou com o apoio do deputado e ex-ministro Delfim Neto. Durante um comício para moradores de um bairro da periferia, Delfim terminou sua fala dizendo:“ – A grande causa do processo inflacionário é o déficit orçamentário!” Logo depois, Jânio chamou Delfim de lado e disse: “ – Delfim, olhe para a cara daquele sujeito ali. O que você acha que ele entendeu do seu discurso? Ele não sabe o que é processo. Não sabe o que é inflacionário. Não sabe o que é déficit. E não tem a menor idéia do que é orçamentário. Da próxima vez, diga assim: - A causa da carestia é a roubalheira do governo”.

.

Eu nunca tive muita simpatia pelo presidente Jânio Quadros. Sempre o achei bastante desequilibrado para comandar um país, principalmente o meu país. Em compensação, gostava menos ainda de Delfim Neto. Com o correr dos tempos o pensamento da gente vai se modificando e a opinião sobre os outros também, para melhor ou para pior. No caso dos dois, para melhor.

,

Mas aqui, confesso que gostaria de ter nos escritos a síntese definitiva de Jânio Quadros, jogando pela janela o palavrório inútil de Delfim Neto, para explicar o fenômeno que Jânio sintetizou em menos de uma linha: “A causa da carestia é a roubalheira do governo”.

.

É assim que eu queria dizer as coisas.Espero que para o próximo ano eu possa ser mais Jânio e menos Delfim, se não fui suficientemente até agora. Mas nada me livra, a mim e à jornalista visitada pelo amigo, do eterno trabalho de Sísifo: ler incessantemente e fazer anotações para completar as 38/40 linhas a que me condenei. E, na semana que vem, recomeçar mais uma vez.

.

Fonte: http://www.atenasnoticias.com.br/site/colunas.asp?codigo=6936&tipo=4
.
__________________
.
A Feira das Vaidades
[151054]
€30.35
A Feira das Vaidades
Clique para ampliar
Autor:
.

William_Makepeace_Thackeray


.

Inglaterra está à beira da guerra decisiva com Napoleão, os impérios europeus degladiam-se, centenas de milhares de homens morrem nos campos de batalha e a classe alta de Londres continua feliz, a beber os seus cálices de Porto e Madeira e a não abdicar dos seus maiores excessos, loucuras e luxos.

.

Na escola de Miss Pinkerton, as meninas Rebecca Sharp e Amelia Sedley tornam-se as melhores amigas. Becky é orfã e não tem rendimentos; Amelia pertence a uma família da burguesia endinheirada. Becky é ambiciosa, sedutora e falsa; Amelia é a personificação da inocência pura. Juntas, vão passar os maiores momentos de paixão, sofrimento e vingança num cenário de exuberância e fausto que tem como pano de fundo os horrores das Guerras Napoleónicas.

.

Até 1847, William Thackeray era praticamente desconhecido do público. Nesse ano, começa a editar em fascículos o seu primeiro romance - A Feira das Vaidades - que é hoje considerado a sua obra prima e que foi colocado a par com o melhor que Charles_Dickens escreveu (ver também
en.wikipedia.org/Charles_Dickens)
.
.

Com absoluta mestria, Thackeray retrata de maneira realista e satírica, a decadência e arrogância da alta sociedade londrina, construindo uma galeria de personagens que se mantém imortal.

.
.
Desenho de Camilo Monteiro
.
.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Portugal - «Eleições» de 1945 a 25 de Abril de 1974




Recursos na Internet: Cinquentenário das Eleições Presidenciais de 1958

.

25 de Abril - «olhares» - «entrevistas» - «verdades» (31) - por Artur Silva

.

D'ali e D'aqui: «Humberto Delgado não foi morto a tiro» - entrevista de Eugénia Ribeiro a Frederico Delgado

.

A «cartilha» continua a ser a mesma, a de Santa Comba? - Victor Nogueira
.


O general e o medo - comentário/artigo de Rui Ramos no blog Terra do Sol
.

Humberto Delgado - As eleições de 1958 em Angola - Quitexe [e não só] - João Nogueira Garcia

.

Humberto Delgado, o filme - blog Estrada Poeirenta

Não tanto pelos resultados eleitorais (a manipulação foi total) mas pela .... As eleições presidenciais foram, portanto, um momento de forte debate político ...
.

****
.
Leituras complementares:
.
Série Beato Salazar
.
Fascismo - 1926 a 1974 - 48 anos sem direitos. -
Victor Nogueira
.
25 de Abril - Reflexão e alguns dados - Victor Nogueira
.
Mortos com os «safanões» ordenados por Salazar e Caetano (2) - Victor Nogueira
.
O maior português de todos os tempos (1) Zé Povinho ou Fernão Mendes Pinto - Victor Nogueira
.
O 25 de Abril - Os Prós e os Contras da Democracia -
Victor Nogueira e outros
.
A matança dos «inocentes», segundo a História do Senhor M. Lima -
Victor Nogueira
.
O Maior Português de sempre (6) - Salazar porquê ? - Luis Alves de Fraga e comentários de Victor Nogueira e outros
.
Achamentos, Descobrimentos ou Encontros de Culturas - uma outra abordagem ! - Victor Nogueira
.
_____________

Em 1945

O “Terramoto Delgado”: as eleições presidenciais de 1958 .... como a CDE (Comissão Democrática Eleitoral), mas cujas acções de campanha são, muitas vezes, ...
.

Humberto Delgado - As eleições de 1958 em Angola - Quitexe e não só


Não tanto pelos resultados eleitorais (a manipulação foi total) mas pela .... As eleições presidenciais foram, portanto, um momento de forte debate político ...

,

Publicações

25 anos de Poder Local em Fafe (1976-2001): Os resultados eleitorais, ... “Para uma História das Eleições Presidenciais de 1949 e 1958 na Vila de Fafe”. ...
.
Eleições de 1958 - O Flaviense

Eleições de 1958. Humberto Delgado 50 Anos Depois. ... em Chaves o Cinquentenário da visita de Humberto Delgado e das Eleições Presidenciais de 1958. ...
.
Kant_O_XimPi

.A Câmara de Aveiro aprovou a alteração do nome e funcionalidades do Museu da República – Arlindo Vicente que passará a designar-se por Museu da Cidade e que ...
.
Kant_O_XimPi
.
Há 100 anos, na freguesia do Troviscal, nasceu Arlindo Vicente, ... Arlindo Vicente, ao aceitar a honrosa mas também perigosa missão de ser candidato da ...
.
Cartoon - João Abel Manta
.
.